cap. 1 OK!

Acabei de ler o capitulo I do livro de ZAMBONI 'A pesquisa em arte' .. fiz um resumo e extrai trechos que cabem na minha pesquisa, frases, conceitos ou citações que se enquadram no momento com o meu trabalho ... porém me apossarei, por hora, de um resumo muito bom , que encontrei aqui na net , feito por uma jornalista e doutoranda em artes cênicas da ufba/ppgac.


No capítulo um de seu livro A pesquisa em arte, Silvio Zamboni trata das relações entre arte e ciência. Na primeira parte do capítulo, intitulada Arte e ciência como conhecimento, o autor começa por analisar a divisão do conhecimento humano, a partir de Descartes, em quatro conceitos básicos:
1. Evidência;
2. Divisão;
3. Ordem;
4. Enumeração.
Logo após ele faz um breve passeio por filósofos, citando Bacon, que pensou um método experimental, indutivo, empírico; Galileu, que utilizou a matemática para a física e Newton, que uniu Bacon e Descartes.
Zamboni condena a divisão do pensamento em sub-áreas, pois tira a amplidão do conhecimento. Ganha-se em profundidade, mas é reducionista. Para o autor, o encontro do racionalismo ocidental com o pensamento intuitivo oriental como o I Ching, afinou a ciência em relação à teoria da relatividade, à descoberta quântica, fazendo com que o cartesianismo não mais respondesse a novas questões.
Mais adiante o autor toca na questão do modernismo, relacionando-o com o experimentalismo. Algo como um conjunto progresso-descoberta-experimento. Neste momento Zamboni insere a discussão sobre arte, também, como uma espécie de ciência experimental, citando o pensador Max Bense, que afirma isso em seus estudos. O autor chega a dizer que “a arte não contradiz a ciência, todavia nos faz entender certos aspectos que a ciência não consegue fazer” (ZAMBONI, 1998: p.20).
O autor segue dizendo que tanto a arte quanto a ciência tem características de experimento, busca, pesquisa, sendo que a ciência busca explicação em leis universais e “a explicação artística é extremamente particular” (ZAMBONI, 1998: p.21).

Na segunda parte, intitulada Intuição, intelecto e criatividade em arte e ciência, o autor faz paralelos com a funcionalidade do cérebro, dividido entre lado direito, intuitivo, sensitivo, e esquerdo, racional. Zamboni escreve que tanto o cientista quanto o artista utilizam os dois, nunca somente um. Raciocínio e intuição estão conectados, e funcionam das conexões entre razão e sensibilidade, às vezes estimulando mais um, às vezes outro; Jung, Bergson e outros vão mostrar a importância da intuição, que pra Jung está no nível do inconsciente.
A idéia entra no âmbito do racional para se materializar, através da “linguagem, sejam palavras, fórmulas ou símbolos” (ZAMBONI, 1998: p.29). Trabalho criativo = “momentos criativos (intuitivos), seguidos de ordenações racionais” (ZAMBONI, 1998: p.29).
Tanto arte quanto ciência podem trazer algo de novo, segundo o autor. Fundamentados em algum padrão preexistente, um novo ordenamento já é um ineditismo. Vale ressaltar o valor dado por Zamboni ao insight, a descoberta através da intuição e da sensibilidade que pode trazer algo de inédito, mesmo que a partir de uma base já descoberta.

O paradigma em arte e ciência é sobre o que trata a terceira e última parte do capítulo. A partir da questão tratada anteriormente, Zamboni busca definir dois períodos distintos nas ciências. Um período de ciência normal, com pequenos atos criativos, solução de quebra-cabeças, intenção de preservar padrões; e um período de revolução científica, onde há uma tensão de regras e leis, criatividade, intuição e experimento. Este período geralmente sofre uma não aceitação inicial devido ao choque de conceitos. Contudo, após as leis serem confirmadas, aceitas, correm o risco de ficarem marginalizados aqueles que não a aceitam.
Relacionando novamente com a arte, Zamboni vê muitas semelhanças com ciência na sua sistemática de surgimento e ruptura: períodos históricos parecidos, conceitos e quebras de padrões parecidos. Muitas vezes, as revoluções da arte e da ciência não soam identificáveis logo, bem como podem ser identificadas a posteriori.
Falando das revoluções artísticas, o autor fala que as mudanças, talvez por seu caráter mais subjetivo, tenham sido, em alguns momentos, “mais traumáticas e difíceis” do que nas ciências. Ele conclui dizendo que, no período da revolução, os revolucionários pagam um alto preço, mas depois de estabelecidos os novos paradigmas, os que ficaram pra trás acabam sofrendo por anacronismo.
Para Zamboni, nas ciências, o referencial histórico perde mais o seu valor por ser “ultrapassado”, enquanto nas artes, segundo ele, é fundamental um referencial histórico para a formação e consciência do artista.
Após questionar o pós-modernismo como crise e esgotamento do modernismo ou novo paradigma, o autor vai falar sobre o processo de acumulações de conhecimento num determinado paradigma, e dizer que no processo criativo, “uma acumulação não só em termos técnicos como também em termos intelectuais” enriquece a arte.
O texto encerra com uma reflexão sobre as inovações tecnológicas. Elas afetam a arte e a ciência, mas, enquanto na ciência a tecnologia está a serviço e criada para, a arte se utiliza da tecnologia apropriando-se de suas funções para outras finalidades, conclui o autor. Não há objetivamente um “desenvolvimento de tecnologias específicas para serem utilizadas em arte” ((ZAMBONI, 1998: p.40).
Relativizando seu valor e finalizando, Zamboni diz que a tecnologia não mudou paradigmas; serviu para comprovar teorias, na ciência, e como recriação, ferramenta criativa na arte.

Resumo do capítulo um de Silvio Zamboni in: ZAMBONI, Silvio. A pesquisa em arte, um paralelo entre arte e ciência. Editora Autores Associados, Campinas, SP, 1998.